a morte do nosso herói

Um herói de guerra
caminha com a fé
pendurada no pescoço
jovem o homem
jovem o moço
lar o esperava
batalha a tiros
paisagens sem
degustação
ali no meio uma
vala é desenterrada
em nosso chão
coitado deles inocentes
tudo pela guerra
tudo pela paz
corra jovem
corra rapaz
um lapso laranja
surgi no céu
alvo atingido
braço abertos
e espalhados
na terra molhada
do seu lado
uma possa vermelha
que brilha e chora
honrou sua nação
mas tudo, enfim
acabou, em vão
agora o pranto
se faz necessário
luzes que cessam
gritos de
descontentamento
mas ele não vai voltar
a vala aberta enfim
é tapada

Deus

Folha seca que cai no chão
Pássaro que voa no horizonte
Nada é feito em vão
Tudo é tão perto, é tão longe.

nosso encontro

Porque quando a gente
se encontrar não precisa
dizer nada, apenas segure a
minha mão. Me passe
o seu calor a sua paixão
Me abrace bem forte
que assim vai me dar
sorte. Pra dizer:
te amo.

morte súbita

e deixou-nos
sem deixar
de si saudades,
assim o fez
o velho navegante
da vida.
partiu e remou
em vão,
e nem sequer
disse te amo
a sua amada
nadou de braçadas
até cansar seus
pequenos braços
em vão,
e nem sequer
olho em sua volta
o quão amado era
sofria
chorava
e não percebia
a alegria
do seu lado

enfim,
morreu,
sem poesia

Contraposição

a quem quero enganar
estou triste sim
e você não tem nada
a ver com isso,
ou tem, mas se tiver
que não tenha,
e se não tem
que tenha

ah sei lá

a quem quero enganar
estou alegre sim
e você tem tudo
a ver com isso
ou não tem,
e se não tem
que tenha

ah sei lá

se sou confuso
de nada importa
o importante aqui
é que já esta
tarde e vou dormir

ah sei, agora
é o fim

da série poemas que o poeta entende,
tião

a carta que não quero receber

caro poeta,
quero agradecer a você
pelos serviços prestados
quero te dizer que eu tentei
descrever seu mundo
como me contava.
Fiz o meu melhor
perdoe-me se falhei
se não fui transparentes
e se não o entendi
mas repito
fiz o meu melhor
fui seu amigo e você foi o meu
e até gostei de você
mas, tenho que ir
tenho outros a consolar,
a reanimar,
a reavivar
então, adeus cara
e se puder me liga
atenciosamente, o poema

da série só Jorge Luis Borges Acevedo entende.

deprecated

the sun is blue
the sky is yellow
the green is now purple
happy was the sad
the sad continued sad
life seems more difficult
the world falls, I wonder
my friends are gone, ask me
what happened to me
everything was so well
but neither am concerned
I can translate it all
in my particular universe,
in my poetic world.

da série poemas que o poeta entende,
tião.

poema sem sentido

Qual o motivo do choro?
Desconsole, nem que viva
Oh! Angústia
Nem que mate de tristeza
A jovem donzela
Que não extrema,
A vida embora
Que mesmo assim
Na profundidade
Agônica do ser
Mesmo que invisivelmente
A gente, que na certeza
A incerteza da atitude
A clareza do rio
Da Prata enlaçada ao
Meio da traça
Corrói o comportamento
Que vive descomportado.

da série só Jorge Luis Borges Acevedo entende.

poesia jamais lida

As melhores poesias,
Ainda não foram expostas
Estão ai na alma dos poetas
Desconhecidos

As melhores poesias,
Ainda não foram expostas
Estavam ai nas palavras
Dos jovens ignorados

As melhores poesias,
Ainda não foram expostas
Estarão ai na esperança
dos mais desconsolados

esperança poética

E na morte, na dor e
Na tristeza não compadecida,
Vivia um poema
Vivia - ele - a fim de fazer
Com que o real se retirasse
E o sonho se libertasse
Da cólera da vida
Deslembrando assim
Nem que por um minuto
Da lembrança da fome
Do horror da miséria

anti-poema

O poema que te fiz,
De nada fez efeito
Acho dificil representar em letra
O que sinto aqui no peito.

1212

Uma palavra morre
Quando é dita —
Dir-se-ia —
Pois eu digo
Que ela nasce
Nesse dia.


Emily Dickinson