poesia de bailarina

apóie seus pés cansados, louvados no chão,
para parecer ser normal.
Na verdade a dança de seus movimentos
é a primeira etapa para alçar voo.
Como o preparo do rasante e majestoso
voo dos ventos, dos sonhos e dos pássaros.

baila, baila, bailarina,
com seus giros de princesa
e seu olhar de menina.

Coloque sobre seus dedos suados, machucados,
na esperança do ritmo preciso e do ato perfeito.
Exibe submerso no pó de gesso
todo seu gingado de donzela, que colore nosso olhar.

samba, samba, bailarina
com seu molejo de moleca
e seu vibrar de menina

Vai! Segura firme, não enfraqueça.
Lembra do par e sê forte, sê rocha!
Firme. Ser lítico precisa ser.

Canta, canta, bailarina
com sua voz macia, Maria
e o suspirar de menina

Vai no Jazz dos seus pés.
Pra que regra de compasso?
Vai na maneira da vida,
No levar do vento.

Voa, voa, Bailarina
com as asas nos pés
ziguezagueando,
como menina.

movimento

a gente é movido a sonhos,
com um moinho se move a vento.
somos uma alma
aprisionada no corpo.
se não houvesse tanta carne,
chegaríamos até o topo.
Meu Deus! pra que tanta carne
se tanto me priva?
pra que morrer,
se eu quero é vida?!

homens são imortais,
se quiserem ser.
o problema é que
a vida faz envelhecer.

crianças vivem sempre
eu seu mundo imaginário,
nos somos seres velhos
e pobre sedentários

o caminho da morte
é uma opção.
muitos o escolhem
outros não.

Ghost

Quando eu nasci um anjo louco
desses que vivem na rua disse:
- Vai tião, ser solitário na vida.
Eu saltei de lado esfriei a espinha
Ele nem disse a que vinha, então
disse à ele: - Anjo sujo e moribundo!
Vai desgraçar outro mundo.
Ele meio sagaz, sorriu meio de lado
e com seu imbornal meio deformado
levantou-se meio desajeitado,
foi sem rumo a desgraçar outro coitado.
E continuei meu trajeto
solitário e amante quieto.
O anjo também continuou à andar
e outra vida à desgraçar

Vai menino de rua,
ser garoto de vida nua.
Vai menino do sinal,
ser pra alguns um ser banal.
Vai menino sem nome,
tenha fé, não tenha fome.

repentina dor

Quem sabe a dor,
repentina de todo ser.
Quem sabe a cegueira,
que atordoa e faz sofrer.
Poderia eu, sem fazer
menção ao mundo.
Dizer a quem vim sem rumo.
E no âmbito da paixão
direi que abro mão.
de eu e de mim, pra
ser seu até o fim.
Não me despreze em amor,
pra não retornar a repentina
dor.

livre

não danço sua dança
não canto sua canção
sou livre pra cômpor,
e pra expor minha
expressão

nove segundos

O Silêncio inconstante, cessa
quando um uníssono se rebela
através da chuva áurea
que cai e molha a terra
Uniformemente e sem distinção.

E com o silencio disperso.
Resta-me as lembrança e
seus significados oscilantes.
Ora estou feliz, ora triste.

E em uma desses oscilantes repentinos,
lembro-me de quando conheci a ti.
E como me despertara com seu
adocicado perfume e com seus passos altos.

Tinha jeito de noviça e se comporta como tal.
Era jubilante com seu vestido vinho.
Num golpe de destino entrelaçado na sorte
trocamos os primeiros verbos.

Lembro-me bem, tremia e olhava em seus olhos
em busca de segurança, porém não a encontrava
e continuava a tremer, receoso pelas palavras.
Então disse a mim mesmo, sou homem macho.
Tenho que criar coragem nessa margem.

Virei às costas, respirei bem fundo,
peguei seu braço pressionei com o meu
Olhei fundo nos seus olhos.
Te beijei bem forte e disse bem baixinho,
pra todo o seu mundo escutar :
- te amo!