infortunado

Profundos e aflitos olhos,
rosto melancólico,
um latido fraco
falando do perigo,
mas sem força pra lutar.
Corre com seu pêlo
marcado pela dores da vida,
pela derrota da disputa
que nem queria entrar.
Pobre dele, ninguém o vê.
Jogado pelos lados.
Até se aventura a brincar,
mas com quem?
a noite chega...
sua solidão agrava
seu choro transpõe e ele lati,
bem baixo pra não chamar o perigo.
Ninguém o ouve.
Vira a noite, vira a lata,
vira tudo, vira nada,
não há amigos, não há consolo.
Mas ele ainda,
faz do latido, poesia.
faz do seu pêlo, proteção.
faz de si mesmo, um amigo.
E ele, o infortunado cão,
vive pata a pata chão a chão.

5 comentários:

Eddie disse...

"...e volta o cão arrependido, com suas orelhas bem fartas..."kkkk
brincadeira...
Muito bom mesmo,parabéns, cheguei a ouvir o latido do cão..rs

Ana Aitak disse...

obrigada, empatamos, adoro sua sensibilidade e talento também...parabéns

Gabriela disse...

éah tião, amei essa, muito bonita, fiquei té com dó da minha cachorra, que fui brincar com ela, poskposk,serio msmo!
Hun, bjinhos...

Patrícia Azevedo disse...

nem precisa falar né? ficou ótimo como sempre *-* você escreve super bem, deu até pra imaginar o coitado... rs
te admiro muito! beijão ;D

Anônimo disse...

Muito legal!
Não sei bem porquê, mas gostei muito deste trecho: "E ele, o infortunado cão,
vive pata a pata chão a chão."
Acho que me passa a idéia de que devemos continuar, apesar de tudo...
Mais uma vez, parabéns!

Beijão Defélix!