percurso afável

quando lhe vier versos em mente
não tarde ou atrase em escrevê-los
eles fogem como águas nas mãos
são rebeldes e libertários ...
eu sempre luto com os meus
tento discipliná-los e ensinar
minhas políticas e tratados.
mas eles veem minhas mazelas
e estampam em minha face:
como um líder sem escrúpulos
pode governar as palavras?
então desisto e volto descontente
mas logos vêm eles arrependidos
e me mostrar um mundo lúdico e encantador
me apaixono novamente e eles saem felizes
e estampam em minha mente.
mas minhas facetas são tantas ..
e logo me pego a sofrer
e eles se perguntam por que?
também não sei.
e eles desistem das respostas
e tentam apenas me agradar
me levam em um patamar além daqui
me transportam para novos mundos
onde a saudade é inspiração
onde a solidão não existe
onde o sofrimento não atina
no complexo e indescritível
reino das palavras

o homem e o duto

O que vejo são dutos. Dutos tapados.
Impregnados de cimento da ilusão e
Revertidos de uma falsa decoração inconsequente.

De um lado um homem mórbido e de pé,
semelhante as suas esperanças.
Homem de senso, mas visto como sem sentido.

Vejam seu olhar fito na entrada.
No que será que pensa?
Há ainda chances de não converter
seu momento diante do duto em banalidades,
como fez com tantos planos que fizera.

Resta tempo, falta coragem,
sobre-lhe muitos pensamentos.

Do outro lado o que se tem
é um vago, um nada, uma escuridão.
Imaginações e sonhos só ousam
habitar ali quando são orientados
pela lógica ou pela realidade.

E a cima da visão do homem e do duto
há uma fé sem condições tão clamada
a qual permanece estática, apenas
traduzindo choro e tristeza
em contentamento e ânsia
por verões mais contentes.