vestígios de um tempo

Um estado de angústia,
Um sentido de estagnação total.
Uma perca de cor,
Um momento cor âmbar,
Uma vida acinzentada.
Uma preguiça desumana,
Que pra compor esse verso
guerreei com minha complexa
convicção.

Poema vivido

II - Decreto amargo

Uma notícia chegou.
Num relapso acordei.
Estava lá um recado digital.
Peguei logo e li,
madrugada ainda.
Acordei me pus de joelho.
Falei com Deus, pedi ajuda.
Voltei a dormir,
nenhuma notícia nova,
preocupações buliam
minha mente.
Me peguei fraco a olhar
sua foto tão bonita,
seu olhar tão distante.
Agora um decreto baixou
sobre esse amor.
Um pedido invertido,
algo como: não ame mais,
esquece é rebento ainda.
Mas quem disse que amor
tem idade. Já era bem velho.
E já amara muito quando
ainda era novo.
E quem disse que amor
era fase, estava solitário.
O amor não tem tempo,
O amor não tem fase.
Paixão sim.Pode ter.
Mas amor, não.
Amor como um vínculo de perfeição,
um sentimento, um ato,
uma ação, algo descontrolado,
algo de vem de dentro,
uma espécie de anestesia
pra suportar a camuflagem barata
que o mundo chama de alegria.
O decreto vigorava
quando recebi novas noticias.
Me notificaram de tal lei.
Não tive reação. Como reagir?
Se nunca havia passado por isso.
Criei uma reação pra expressar tudo aquilo.
Senti medo.
Medo de ficar sem amor.
Mas logo calculei, pesei, equilibrei.
Amor nunca acaba já disse as escrituras.
Então, pra quê medo?
Troquei a reação.
Sentia esperança.
Pra que tudo desse certo.
Mas logo pensei claro que vai da certo.
Tudo crê, tudo suporta, repetiu
meu intelecto embasado no decreto puro.
Troquei a reação.
Tive tristeza.
Por saber que era difícil agüentar.
E logo me veio um consolo:
um trabalho bem feito.
Mas o amor proibido sempre
remexia minha mente.
Orei novamente, pedi novamente.
Agradeci dessa vez, sabendo que Ele iria resolver.
E vai. Troquei a reação.
Confiança, Convicção, Fé.
Esses não foram mais trocados,
permanecem sem esmorecer.
Desnecessário o decreto.
Onze meses de amadurecimento,
tudo bem encaminhado, uma raiz nascida
de uma semente pura, uma semente cuidada.
Todo o cuidado, pra saber que não posso
mais regrar o meu jardim.
Mas Deus mandará chuva.
E logo quando voltar a seca
estarei lá com o Habeas Corpus eterno
pronto pra regrar minha flor.

maldito que as vezes sou

recebeu de um desconhecido
uma pancada dessas bem fortes,
pequena fisicamente mas
forte em vontade,
não suportou a dor do choque.
Ficou a tentar sair da angústia,
de uma chaga não prevista.
Seus pensamentos foram abalados
com o impacto físico inesperado.
Logo pôs-se a circular em volta
de si, em volta da amnésia.
Suas patas doidas tentavam
encontrar força na esperança,
porém, o cérebro não resistirá
a forte convicção da razão.
Foi seguindo numa imensidão branca,
como um chão congelado
ora em linha reta, num lapso de sensatez
ora em círculo, como um reflexo da desgraça
ora sobre seu corpo sem peso, como uma resposta epilética.

Foi e perdeu-se de vista.
Embora eu ainda insista,
em ser o desconhecido.

poeta autodidata

Represento por esse manifesto,
uma forma de dizer a que vim.
Bom, caro leitor desse aglomerado
de versos e ritmos que tanto me faz feliz,
quero lhe expressar, sem receios,
o que sinto na harmonia poética
anexa a tudo e a todos
numa frenética sincronia de
ações, movimentos e reações.
Sei que, indevidamente,
relato nos meus escritos,
alguém que passa sem deixar traços
pra maioria sonolenta. Eles não percebem
o valor poético de cada um,
porém a vida ensina que extrair disso um verso,
traz um marca extensa pra vida toda.
Sei que a complexidade de uma inspiração,
vai além do que digo, porém, meio que
de soslaio intelectual faço desse achado
uma forma de me firmar como um
telespectador da vida e um aprendiz eterno.
Mestres existem com seus papeis
rabiscados de dedicação ou com ações poéticas sem tinta.
Esses mestres, embora desconhecidos,
fazem de mim um aspirante a tal ato.
Sei que nem chego aos pés de tais
ou mesmo de desatar as sandálias
de alguns.
Embora uns sejam mestres, não são dignos
de tamanha relevância e humilhação,
porém outros exigem um fator de extremo
agradecimento e uma eterna gratidão.
Logo me vejo refletir em seus pôsteres gigantes
meu retrato três por quatro.
Quem sabe eu, em um dia de uma estação qualquer,
seja um porta retrato de tamanho maior,
e de um simplicidade a tocar o mundo com verbos.
Quero caminhar. E se sofrer, serei como o infortunado cão,
sempre atento e sempre amante da vida,
e se me alegrar, vou me encontrar depois das 5:30
com o amor eternizado no verbo que criei.
Quero ter fé, fé na vida, na verdade,
no caminho, nas veredas, nos desertos,
em mim mesmo, em Deus.

sendo assim agradeço
seu tempo.