Ouve-se um grito do fundo de um fruto:
nasce sozinho, como a noite.
Adormecido pelo veneno do destino,
agora só, ele clama por socorro.
Esse grito sussurra as dores do tempo.
Mórbido, mas grato, ele aplaude
seu próprio surgimento —
reconhece que cada um tem sua sina.
Vive almejando saber, conhecimento,
para preencher as lacunas do destino.
Mas seu instinto apaga o dia aprendido
e, com o tempo, monotonia vira contentamento.
A solidão ainda corrói sua alma.
Tenta escapar da lembrança,
mas seu brilho aumenta de expectativas —
irradia forte, como a esperança.
Seus sonhos começam a solidificar.
Um dia, uma brisa o carrega para o céu
e ele voa, como folha no outono.
A brisa cessa. Ele despenca.
Gritos de esperança tornam-se angústia.
Cai sobre a terra molhada
pelas lágrimas do céu, que se emociona.
Cobre-se rápido, espantando o frio.
Então, coberto pela terra úmida, ele cresce.
Suas cóleras ficam com a casca extraída.
Ele se abre: de seu interior sai a esperança acumulada.
O grito agora é mais alto, mais agudo, feliz.
Não grita mais em busca de ajuda —
grita jubilando, louvando
pela doce brisa que o trouxe até aqui.
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